Superação: Ary Borges das praias maranhenses a estrela da Copa do Mundo

A jogadora Ary Borges, meia-atacante da Seleção Brasileira Feminina de 23 anos, abriu o coração logo após o fim da estreia do Brasil na Copa do Mundo Feminina que, neste ano é disputada na Austrália e Nova Zelândia.

A atleta, autora de hat-trick na estreia da Seleção afirmou que nem em seus maiores sonhos, pensou que faria três gols na estreia da competição, ainda afirmando que estava vivendo um grande misto de emoções. A seleção Brasileira goleu o Panamá por 4 a 0 na manhã desta segunda-feira (24/07).

 “Nem nos meus melhores sonhos. Foi um dia muito especial, um misto de emoções. Fiquei feliz, ansiosa, chorei, enfim, fiquei pensando o que poderia fazer na partida. Nunca imaginei que seria da forma que foi “, contou ela, muito emocionada.

Seleção Brasileira Feminina na Copa do Mundo Feminina 2023

Agregou “estou muito feliz pelos três gols, mas muito mais pela grande partida que o time fez. O mais importante era sair com os três pontos”.

Quem é Ary?

 Ariadina Alves Borges nasceu em São Luís, no Maranhão, no dia 28 de dezembro de 1999. Criada pela avó, praticamente não teve contato com seus pais na sua pouca idade, já que, em busca de emprego, ambos deixaram São Luís e rumaram a São Paulo quando Ary tinha entre dois e três anos.

Foi exatamente nas praias maranhenses, observada pela avó, que Ary começou a jogar futebol. Seu tio cuidava do campo local e não eram poucas as tardes que ela passava jogando com amigos e primos.

Aos 10 anos seus pais decidiram que era o momento de a filha finalmente conhecê-los melhor e morar em São Paulo. “Meu pai no começo não levou muito a sério – ele é muito sincero com isso. Eu ia para a escola e a tarde tinha uma quadra perto de casa e eu sempre ia jogar. Um dia eu voltei para casa umas seis, sete horas da noite, ele já estava em casa e falou assim para mim: ‘ah, eu te vi jogando lá na quadra, é legal, eu vou te levar numa escolinha dos Meninos da Vila’”

Seu Pai seu grande incentivador

A partir daí, Ary começou a levar, aos poucos, as coisas mais a sério. Havia apenas três meninas na escolinha do Santos, por isso, ela começou a treinar com os rapazes, mas com certa resistência dos meninos. Seu pai foi obrigado a assinar um termo de responsabilidade por causa das diferenças físicas que havia entre ela e os garotos.

Da desconfiança ao grande incentivador de Ary, seu pai foi quem chamou a atenção dela para o Centro Olímpico e para a possibilidade de jogar lá.

“Meu pai trabalhava na Vila Mariana, ali perto do Centro Olímpico. Ele chegou um dia em casa e disse ‘eu tenho sempre passado ali pela Avenida Ibirapuera e eu vejo umas meninas com a camisa roxa escrito futebol. Acho que a gente pode ir um dia e ver o que rola por lá, mas acho que lá já é mais sério’”, relata a camisa 10, que viu o Centro Olímpico ser o grande trampolim de sua carreira.

Ela chegou ao Centro Olímpico com 11 anos para fazer a peneira ao lado de mais de 90 garotas. Das 90 sobraram cinco, e das cinco só sobrou Ary.

Ary deu um carro de presente a seu pai e encreveu no Instagram: "Dinão, você merece tudo isso e muito mais e sou muito grata a Deus por hoje poder fazer isso por você ".

A jornada

Ary foi atuar direto no sub-15,  foi crescendo no centro de formação e se profissionalizou ali. Lucas Piccinato, hoje técnico do São Paulo feminino, era o técnico do sub-17 do Centro Olímpico e se mostrou muito importante na trajetória da atleta.

Ela passou dois anos no Sport Recife e, no fim de 2018, recebeu uma mensagem de Lucas falando que o São Paulo estava montando um time feminino. Ela não pensou duas vezes. “Sou são-paulina, então quando ele me mandou a mensagem eu já mandei mensagem para o meu pai assim: ‘O São Paulo vai fazer um time e eu vou para lá’, eu só falei assim para ele. Eu não ia recusar, nem a pau eu ia recusar”. Lá, conquistou o Brasileiro A2.

Em 2020, Ary Borges foi contratada pelo Palmeiras e permaneceu até o fim da temporada de 2022. Em 2021, venceu a Copa Paulista e, no ano seguinte, o Campeonato Paulista e a Libertadores.

Em 2023, a jogadora foi para o atual e primeiro clube do exterior, o Racing Louisville, dos EUA.

Na Seleção Basileira

A meio-campista é frequentemente convocada pela técnica Pia Sundhage. Desde o momento em que a sueca assumiu a Seleção, a Ary Borges já foi chamada em 15 oportunidades.

Entre torneios e amistosos, a camisa 17 venceu a Copa América de 2022 pelo Brasil. Na base, jogou a Copa do Mundo Sub-20 em 2018 e, no mesmo ano, conquistou o Sul-Americano. Ao todo, na Seleção principal, disputou sete jogos e marcou dois gols.

Messi referência

Como qualquer jogadora, Ary Borges tem seus ídolos e referências. Lionel Messi é o primeiro nome que aparece na sua boca, sem hesitação, quando perguntada sobre suas inspirações. Fanática pelo argentino, ela disse que discute “bastante com quem fala que o Cristiano Ronaldo é melhor”.

Já no futebol feminino, Ary dá a grande prova das altas expectativas que ela projeta sobre si mesma. Ela já havia declarado anteriormente que sonha ser a melhor jogadora do mundo um dia. E não mudou o discurso, esbanjando confiança.

“No feminino, falo que tenho orgulho da Ary daqui a dez anos. A Ary daqui a dez anos é a minha grande ‘ídola’, porque acho que terei orgulho do que serei em dez anos”, concluiu a camisa 10.

Ary vive o melhor momento da carreira, joga pelo time do coração e já é cotada para ser uma das grandes líderes da próxima geração de atletas na seleção brasileira. O futuro de Ary Borges parece brilhante. E ela, mais que ninguém, sabe disso.

Fotos: Instagram de Ary Borges

Com informação do GE e Goal

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