APP “Dados à Prova D’Água” recebe prêmio por impacto social

Em uma colaboração visionária entre pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da University of Glasgow, um projeto inovador foi coroado com o Celebrating Impact Prize na categoria “Outstanding Societal Impact”.

Este prestigiado prêmio, concedido anualmente pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social (ESRC) do Reino Unido, reconhece projetos que causaram um impacto social notável.

Segundo a Agência Fapesp, o líder do projeto, João de Albuquerque, da University of Glasgow, em parceria com Maria Alexandra Cunha, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, destacou a importância do prêmio, afirmando que o Celebrating Impact Prize é o mais significativo no Reino Unido para projetos de ciências sociais com impacto social.

Transformando conhecimento em ação

O projeto, denominado “Dados à Prova D’Água”, concentra-se em aprimorar o fluxo de informações relacionadas a inundações, especialmente em áreas vulneráveis a esse tipo de ocorrência.

Município de Anamã (AM) foi completamente tomado pelas águas da enchente. Foto; Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

O aplicativo permite ainda enviar informações sobre áreas alagadas, intensidade de chuva e altura da água no leito do rio, além de conter dados disponibilizados por órgãos como as áreas de suscetibilidade do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e dados pluviométricos do Cemaden, para uso dos moradores das comunidades.

Dados à Prova D’Água foi testado por professores, estudantes, agentes da Defesa Civil e moradores em mais de 20 municípios nos estados de Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso, Acre e São Paulo.

O Prêmio

“O Celebrating Impact Prize se trata de um prêmio acadêmico avaliado por pares e é voltado a projetos que saíram do campo da produção de um conhecimento acadêmico para gerar impacto na vida da população”, disse Albuquerque.

De acordo com Maria Alexandra Cunha, o prêmio reconhece iniciativas que transcendem o campo acadêmico, impactando diretamente a vida da população.

Aplicativo “Dados à Prova D’Água”

O projeto resultou na criação do aplicativo gratuito de mesmo nome, desenvolvido com o apoio da FAPESP, acessível a qualquer comunidade.

Esse aplicativo inovador permite que os cidadãos alimentem a plataforma com medidas de chuvas, níveis dos rios e informações sobre as consequências desses eventos em seus territórios.

Segundo Cunha, o aplicativo preenche uma lacuna crucial no fluxo de dados sobre inundações. “Nosso projeto criou métodos para melhorar o fluxo dessas informações”, explicou a pesquisadora da FGV.

Colaboração para a resiliência comunitária

O aplicativo não apenas coleta dados dos cidadãos, mas adota uma abordagem única na colaboração com as comunidades vulneráveis. Inspirados pela pedagogia dialógica de Paulo Freire e orientados por princípios de justiça climática e de justiça de dados, os pesquisadores estabeleceram métodos inovadores para coproduzir conhecimentos.

Esse avanço fortalece a resiliência das comunidades vulneráveis e promove a cooperação entre a população, agências governamentais e centros especializados.

O aplicativo fornece um canal eficiente para o compartilhamento de informações, contribuindo para políticas públicas mais informadas e, em última instância, protegendo o bem-estar da população.

Conteúdo nas escolas e no YouTube

O projeto Dados à Prova D’Água criou uma disciplina eletiva para escolas do ensino médio localizadas em regiões com risco de inundação. Assim, alunos e professores em sala de aula podem exercitar esse método de medição pluviométrica e ajudar a disseminar a ferramenta em seus territórios.

Atualmente, a plataforma já foi utilizada por mais de 200 escolas e mais de cem defesas civis, que mobilizaram em torno de 500 cientistas cidadãos.

O projeto criou também um canal no YouTube que armazena um conjunto de filmes sobre memórias de inundações, vídeos curtos que resgatam vivências das populações que enfrentam esses desastres, com foco em valorizar o conhecimento dos indivíduos sobre o fenômeno.

O Dados à Prova D’Água envolveu a participação de mais de 70 pesquisadores e membros de diferentes comunidades de forma multidisciplinar, passando pelas ciências exatas como hidrologia, física e informática, até as ciências sociais e humanas, com pesquisadores das áreas de geografia, psicologia social, administração pública, estudos de mídia e artes.

 Com informação da Agência Fapesp

Foto da capa: Rosinei da Silveira

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